Centro Cultural Bom Jardim - Estreia
Ficha Técnica
Direção Geral: Katiana Pena
Direção Artística: Anderson Carvalho
Coreografia: Katiana Pena | Anderson Carvalho | Lucas Linon
Produção Executiva: Bruno Matos
Bailarinos: André Vitor | Cibele Araújo | Elayne Moura | Gutemberg Morais | Ivina Ferreira | Luana Falcão | Maria Antônia | Tainar Mendes.
Figurino: Matias Ateliê
Dramaturgia Sonora: Schicco Salles
Cenário: Jardel Lima
Release: Ícaro Martins
Assistência Pedagógica: Ícaro Martins
Edição de vídeo e montagem: Pedro Cela |Eduardo Cunha Souza
Designer Gráfico: Mário Neto | Diego Chaves
DURAÇÃO DO ESPETÁCULO: 40 MINUTOS.
É na quebrada do bairro que a gente cria a nossa dança. Ela nos dá inspiração. E dessa quebrada urbana periférica queremos revelar as origens que remetem à vinda do campo de nossas famílias e à morada local marcada por um cenário de açudes, carnaúbas, coqueiros, olhos d’água e a paz de nossos primórdios. Diante dela, como diante de um espelho, zarpamos rumo a nossa memória, onde nasce nossa história.
Nossa pesquisa se sustenta nas vozes de nossos antigos, que narram suas vivências e fortalecem nosso sentimento de pertença por nosso lugar no mundo, nossa parte que nos cabe nesse imenso latifúndio Brasil. “Aqui era bom pra plantar, criar as galinhas no terreiro... eu costumava busca água com lata na cabeça no açude ali no alto”, afirmou dona Didi, mulher forte e guerreira como tantas outras mulheres de nosso território. As narrativas de nosso povo nos alimentam a alma e fazem mover nosso corpo. Eram dias de muita labuta e de noites de muita paz, muita fé.
Orgulhosos dos nossos pares, performamos arquétipos na intenção de ganhar a benção, como a benção de mãe, de pai, de vó e vô... Evocamos nossas curandeiras, destacando nossa cultura, nosso jeito, nossa capacidade de reinventar a vida.
Nosso território é nosso ventre rasgado e expandido para nos caber acolhidos e sossegados. Queremos sossego. Nosso território é nosso lar, nossa tenda, nossa quebrada assemelhada a tantos outros contextos desse mundo de meu Deus. Nosso território, em cada canto, faz lembrar nossos afetos, episódios, trajetórias e emoções que afagam o coração.
Da nossa quebrada, queremos celebrar a vida que caminha resistente como em uma procissão... E nossa prece consiste em pedir aos santos, aos seres, às forças ancestrais que nosso corre do dia consiga honrar o empenho de nossos sábios mais velhos. A estes, pedimos licença e benção para seguir adiante, porque também somos eles, somos elas, que são pessoas tão lindas...
Nosso giro se dá no sentido de conectar os tempos idos, os vividos e os vindouros, intercruzando gerações distintas que se encontram na mesma região compartilhada. Porque estamos convictos de que somos o que a memória não nos deixa esquecer, porque uma vez refletida em nós, ela, a memória, faz erguer nosso olhar, que se projeta do corpo para um vasto horizonte de expectativa. E, energizados de esperança, dançamos daqui para o mundo.